segunda-feira, 6 de junho de 2011

Desvivida. [2]

É engraçado como, às vezes, a vida das pessoas parece toda alicerçada em contradições. Acho curioso pensar como o que se diz e o que se faz não estão nem minimamente ligados.

Certa vez conheci uma pessoa que se dizia solitária por opção. Não prendia raízes e nem criava estabilidade; constante era tudo o que deveria existir na sua vida, tudo deveria ser passageiro; não queria algo que gerasse responsabilidades, conflitos e mesmo as alegrias que algo estável traz. Pois bem: qual o problema de se quebrar alguns paradigmas nessa nossa vida monótona e clichê? É curioso ver como ele – você – se mostra cada vez mais entregue, cada vez mais envolvido e, ao mesmo tempo, tenta se desvencilhar, se afastar, se esquivar. “Só quero te fazer feliz!”, “Não quero te fazer mal nunca.”, Não quero que você se afaste de mim, apesar de tudo. Não consigo pensar em ficar um dia sem falar com você ou sem te ver.”. Talvez seja verdade, uma verdade contraditória ou uma mentira na qual eu quero acreditar, repleta de palavras forjadas no calor de alguns momentos, mas que, agora, me parecem vazias...

Tocar seu rosto, suas mãos, seu cabelo... isso já me bastava. A espera pelo seu tempo, coisa que sempre prezei, me corroia e me matava toda vez. Sempre que passávamos horas conversando, mais dúvidas se criavam na sua cabeça, mas estar com você, sentir seu hálito quente, te ver corar a cada aproximação, isso me fazia mais vivo – e me matava também. Cada vez que você saía por aquela porta, ou que nos despedíamos na rua... a única coisa na qual eu conseguia pensar era no momento do reencontro, no momento em que eu ia te ver novamente, por casualidade ou num encontro furtivo.

Frio. O clima está todo propício para um gélido e doloroso adeus. Às vezes as pessoas falam barbaridades, despautérios e ofensas das mais duras e impensadas nestes momentos, mas o seu silêncio e a sua frieza foram muito mais cruéis que qualquer coisa que pudesse ser proferida em palavras. Acho que isso é o que vou levar disso – seja lá qual for o nome que você queira dar.

Como os seus personagens, aqui se apresentou e morreu um dos meus: o racional acima de todas as coisas, tentando ocultar a todo custo o passional. E sabe o que mais? Eu, como você, gosto de um drama, ¡ojos brillantes!

(Junho/2010)